Acho que foi assim que alguns alunos me viram na semana passada quando entrei na sala de aula deles. Ser substituto gera sentimentos estranhos mesmo, ainda mais quando você encara uma turma consolidada já no final do ano. Como você vai saber quais são os grupinhos formados e o que eles gostam de fazer quando você está de costas? O que? Você acha que não pode ser pior? E se eu te dissesse que não tinha menor afinidade com o tema da aula porque é um tema de intermináveis fixações de conceitos e afins? Esse foi o cenário da aula de substituição que eu dei na semana passada. Não se preocupem, os alunos tiveram sua aula, e até bem contextualizada considerando que eu nem lembrava daquele tópico. É fácil entender a preferência absoluta pela aula tradicional, na verdade, esse modelo de aula não te exige nada mesmo, qualquer um pode chegar ali e dar a aula. Ah sim, mas claro, se voce não sabe nem o tema da aula você precisa contar com o odiado/amado livro didático, ele sim vai substituir o seu cérebro e te dar todos os exemplos que você precisa saber para exemplificar a matéria.
A aula tradicional é uma arma infalível, você pode se apropriar dela nas mais diversas situações: insegurança na unidade temática, ressaca (o que? conheço vários que já usaram), ainda bebado mesmo (já tive aulas com professores nesse estado), quando se quer exercer autoritarismo (clássico!!), etc, etc, etc, eu poderia listar vários exemplos de situações que fazem que o professor escolha a aula tradicional e se dá bem. Agora sei que pareci bem contraditória neste blog, o sucesso ao qual estou atribuindo uma pessoa que dá aula tradicional, como eu dei, não é uma coisa a qual me orgulho, mas é o que a sociedade infelizmente acredita ser o que funciona. Qual é a mãe que não fica feliz ao ver que o seu filho copiou tudo o que o professor colocou no quadro? Vocês já encararam o desapontamento de uma mãe com um professor que diz que não coloca matéria no quadro e que se os alunos quiserem é para irem fazendo anotações de prórpio punho do que está sendo explicado? Complicado. Tenho idéias mil para quando tiver uma turma de ciências, trabalhar ludicamente com elas, estimular a leitura e o pensamento crítico (ciências, para quem não lembra é do segundo ciclo do ensino fundamental, a biologia do ensino médio me obriga a dar uma grande quantidade de conteúdos graças aos nossos queridíssimos vestibulares). Mas sei que não poderá ser sempre assim, vou ter que volta e meia dar o livro didático de cabo a rabo, senão o filho diz à mãe que só ficou "brincando" na aula de ciências.
Acredito que para as aulas tradicionais sejam erradicadas do cotidiano escolar precisamos mesmo que o professor só trabalhe em sala no máximo 20h semanais, para que, com o tempo restante possa se dedicar em casa e no colégio (único que trabalha) às aulas mais dinânicas, projetos e atualizações da profissão.