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Afeto e atenção para os alunos contra o Bullying e ausencia dos pais

Posso dizer que quando pensei que realmente queria dar aula essa música que eu já conhecia de longa data me veio como um raio na cabeça.


Jeremy – Pearl Jam

At home

drawing pictures

of mountain tops
with him on top
lemon yellow sun
arms raised in a V
and the dead lay in pools of maroon below

Daddy didn't give attention
to the fact
that mommy didn't care
King Jeremy the wicked
ruled his world

Jeremy spoke in class today
Jeremy spoke in class today

Clearly i remember
picking on the boy
seemed a harmless little fuck
but we unleashed a lion
gnashed his teeth and
bit the recess ladies breast
how could i forget?
and he hit me with a surprise left
my jaw left hurting
dropped wide open
just like the day
like the day i heard

Daddy didn't give affection
and the boy was something
that mommy wouldn't wear
King Jeremy the wicked
ruled his world

Jeremy spoke in class today (3X)

Try to forget this
try to erase this
from the black board

Jeremy spoke in class today (4X)

Em casa
Desenhando figuras
De topos de montanhas
Com ele no topo
Sol amarelo limão
Braços erguidos em V
Os mortos estendidos em poças de cor marrom embaixo deles

Papai não deu atenção
Para o fato de que a mamãe não se importava
Rei Jeremy, o perverso
Governou seu mundo

Jeremy falou na aula de hoje

Me lembro claramente
Perseguindo o garoto
Parecia uma sacanagem inofensiva
Mas nós libertamos um leão
Que rangeu os dentes
E na hora do intervalo quebrou a fama de maricas
Como eu poderia esquecer
E me acertou com um soco de esquerda de surpresa
Meu maxilar ficou machucado
Deslocado e aberto
Assim como no dia
Como dia em que ouvi

papai não dava carinho
e o garoto era algo que mamãe não aceitaria
Rei Jeremy, o perverso
Governou seu mundo

Jeremy falou na sala de aula hoje (3x)

Tente esquecer isto
Tente apagar isto
Do quadro negro

Jeremy falou na sala de aula hoje (2x)

Para quem não conhece este sucesso do Pearl Jam de 1991 do álbum Ten, essa música se baseou em na história de um garoto que realmente se matou na sala de aula na frente dos colegas de classe. Bem, isso foi antes das crianças e adolescentes perseguidos por Bullying ou com problemas graves familiares entrarem nas escolas entrarem metralhando colegas e professores antes de se matarem.
Eu sempre achei a história chocante e quando vi o clipe essa música me marcou ainda mais. Apesar de não necessariamente ter sido educada em sala de aula com professores que se preocupavam com o meu bem estar sempre achei fundamental observar meus alunos para não ter uma surpresa como a do clipe. Acho que uma das coisas mais importantes que Paulo Freire traz em sua discussão é a questão da afetividade do professor com os seus alunos; a necessidade de demostrar ao aluno que você está preocupado com ele, para ele sentir que existe algo além do conteúdo da disciplina, o afeto.
Sei que é difícil diante das tantas dificuldades que o professor enfrenta, de repente se envolver afetivamente com os alunos, ser amigo deles (mas amigo de verdade, aquele que quer o melhor do próximo e puxa a orelha). Será que é realmente difícil assim? (ah, e por favor não confunda essa afetividade com uma possível perda dos papéis desempenhados por cada um, cada um respeitando o espaço do outro).
Bom, deixo a música e letra para apreciação e reflexão... espero que esse texto cause pelo menos a curiosidade nos professores que nunca tentaram em ser assim com seus alunos para experimentarem serem mais humanos, e enxergarem seus alunos com a atenção e o carinho que eles merecem.

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Na contra corrente...

Esses dias tive uma experiência que me fez perguntar o que eu estava buscando como professora... Durante uma monitoria no colégio que eu trabalho, uma aluna que sempre tira dúvidas comigo trouxe uma daquelas questões que, quem trabalha com educação se pergunta quem foi a amada pessoa que inventou um disparate daqueles como exercício. Sério, era uma questão daquelas que ou você era muito simplório na resposta ou você escrevia um testamento. Como monitora, fiz questao de explicar a resposta testamento, sempre, sempre buscando o ponto de vista evolutivo, para que a aluna entendesse aquele processo como um todo sem se preocupar com nomes. Quando terminei, a aluna muito feliz disse que adorou a resposta e que ficava bem mais fácil pensar desta forma, mas... ela tinha que colocar no caderno, estao orientei que ela olhasse o gabarito e completasse com as informações que eu tinha dito. Rapidamente ela olhou e em seguida fez uma cara de decepção profunda... a resposta do gabarito era apenas uma frase decoreba, daquelas que dá pena. Revoltada com aquilo, ela escreveu da sua maneira o que eu tinha dito, e reclamou da questão.
Neste mesmo dia outro caso muito parecido, eu entro em sala e uma aluna pergunta o que significa certo termo. Meio atônita com a pergunta, reflito um pouco com os alunos para me lembrar da resposta. Quando me lembrei, procurei explicar da mesma forma que a situação anterior, buscando as vantagens evolutivas daquela adaptação, os primeiros seres vivos a tê-la, enfim, dando conexões ao assunto e construindo o conceito de uma forma mais significativa. Ao meu entender a aluna estava acompanhando o que eu estava falando, mas quando terminei ela me perguntou: - Mas então, o que é isso mesmo? E aí quem entendeu fui eu... essa aluna é moldada, ela precisa de uma reposta decoreba para anotar no caderno e tentar decorar na véspera da prova....
Essas duas situações ilustram um problema que na biologia é muito frequente: a massiva conceitualização do conteúdo. Tanto alunos como professores se sentem muito inseguros quando não se consegue conceituar um tema de forma concisa. Só que, tentando sempre fazer isso, se perde muito nas conexões que deveriam ser feitas em sala de aula.
Me sinto na contra corrente porque tento lecionar uma biologia integrada, nas quais os conceitos se imbutem naturalmente, uma vez que aquele assunto passe a ter significado para o aluno. Me sinto sozinha, porque o que mais vejo são educadores no sentido inverso. Vejo que não foram só os conceitos socio-ambientais que foram deturpados pela sociedade (como sustentabilidade, por exemplo), mas os conceitos educacionais, como temas inter e transdisciplinares, ciência, tecnologia e sociedade(CTS) que, para a maioria dos professores são palavras que o MEC inventou para ficar chateando os mesmos. Fica difícil, mas eu não vou desistir....