Esses dias tive uma experiência que me fez perguntar o que eu estava buscando como professora... Durante uma monitoria no colégio que eu trabalho, uma aluna que sempre tira dúvidas comigo trouxe uma daquelas questões que, quem trabalha com educação se pergunta quem foi a amada pessoa que inventou um disparate daqueles como exercício. Sério, era uma questão daquelas que ou você era muito simplório na resposta ou você escrevia um testamento. Como monitora, fiz questao de explicar a resposta testamento, sempre, sempre buscando o ponto de vista evolutivo, para que a aluna entendesse aquele processo como um todo sem se preocupar com nomes. Quando terminei, a aluna muito feliz disse que adorou a resposta e que ficava bem mais fácil pensar desta forma, mas... ela tinha que colocar no caderno, estao orientei que ela olhasse o gabarito e completasse com as informações que eu tinha dito. Rapidamente ela olhou e em seguida fez uma cara de decepção profunda... a resposta do gabarito era apenas uma frase decoreba, daquelas que dá pena. Revoltada com aquilo, ela escreveu da sua maneira o que eu tinha dito, e reclamou da questão.
Neste mesmo dia outro caso muito parecido, eu entro em sala e uma aluna pergunta o que significa certo termo. Meio atônita com a pergunta, reflito um pouco com os alunos para me lembrar da resposta. Quando me lembrei, procurei explicar da mesma forma que a situação anterior, buscando as vantagens evolutivas daquela adaptação, os primeiros seres vivos a tê-la, enfim, dando conexões ao assunto e construindo o conceito de uma forma mais significativa. Ao meu entender a aluna estava acompanhando o que eu estava falando, mas quando terminei ela me perguntou: - Mas então, o que é isso mesmo? E aí quem entendeu fui eu... essa aluna é moldada, ela precisa de uma reposta decoreba para anotar no caderno e tentar decorar na véspera da prova....
Essas duas situações ilustram um problema que na biologia é muito frequente: a massiva conceitualização do conteúdo. Tanto alunos como professores se sentem muito inseguros quando não se consegue conceituar um tema de forma concisa. Só que, tentando sempre fazer isso, se perde muito nas conexões que deveriam ser feitas em sala de aula.
Me sinto na contra corrente porque tento lecionar uma biologia integrada, nas quais os conceitos se imbutem naturalmente, uma vez que aquele assunto passe a ter significado para o aluno. Me sinto sozinha, porque o que mais vejo são educadores no sentido inverso. Vejo que não foram só os conceitos socio-ambientais que foram deturpados pela sociedade (como sustentabilidade, por exemplo), mas os conceitos educacionais, como temas inter e transdisciplinares, ciência, tecnologia e sociedade(CTS) que, para a maioria dos professores são palavras que o MEC inventou para ficar chateando os mesmos. Fica difícil, mas eu não vou desistir....