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Iara Grotz Moreira
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matemática,
teste
Aplicando um teste
Trabalho num colegio como monitora. É perfeito, adoro os alunos e os que vão na minha monitoria me adoram. Hoje no meu tempo com o segundo ano uma surpresa: quase todos os alunos estavam presentes, mas não era por causa da monitoria; estavam fazendo um teste. Alguns alunos do terceiro ano protestaram, queriam usar o tempo para tirar dúvida. Mas não teve jeito, tive que fiscalizar o teste no tempo deles.
Entro na sala para render a monitora de português, os alunos não entendem direito o que está acontecendo mas aproveitam para tentar colar. Rapidamente domino a situação e o silêncio volta. Já tinha substituído um professor naquela turma mas nunca tinha visto tão cheia. O teste era de matemática, mais precisamente de geometria, alguns alunos me olham, a impressão que tenho é que eles estão tentando tirar as respostas das minhas expressões. Já outros não, estào aborrecidos porque impedi que colassem. Passo o olho na prova, coitados se dependessem da minha ajuda estavam na merda. Apesar de licenciada em Biologia e Ciências não tenho vergonha em dizer que sou analfabeta numérica; desde que me reconheço como tal tento mudar isso.
Com o passar dos minutos percebo que alguns já desistiram, estão de cabeça baixa esperando a resposta cair do céu. Começo a analisá-los, as meninas são tão bonitas, os rapazes tão bem apessoados... uma tem porte de jogadora de volei, será que alguém já disse isso para ela? será que o colégio está preocupado em descobrir o que cada um tem de melhor ali dentro? No rosto de cada um a angústia de não saber a resposta; porque essa resposta é tão importante? As formas geométricas não se assemelham em nada com qualquer coisa que eu ja tenha visto por aí... acho que se o professor tivesse colocado o símbolo do Mc Donalds teria feito mais sucesso.
Mas indiferente da forma, eles estão ali tentando resolver os problemas; talvez seja a pressão de estudar num colégio caro demais, ouvir todo dia dos pais que tem tirar boas notas senão vão ser tirados do colégio, talvez, talvez. Acabo de trocar um aluno de lugar, estava tentando colar do colega, será que colar compensa? será que ele sabe que está principalmente se enganando se estiver colando?
Um aluno que estava me olhando muito foi embora, eu não tinha a resposta. O ar condicionado me congela, não faz qualquer sentido ele estar ligado, não está quente e todos os alunos estão de casaco. Será que esse consumismo desenfreado não vai acabar nunca? Os alunos começam a sair em bandos, isso é muito interessante, dápara separar cada grupinho da turma por afinidade.
Já com a sala vazia percebo que o menino que estava deixando ser colado é o que está fazendo o pré militar; seria estratégia dele deixar o outro colar para eliminá-lo mais fácil da concorrência?
De repente me pergunto se eles tem aula com o professor que ganhou medalha nas olimpíadas mundais de matemática, será que o teste está no mesmo nível dos competidores dele nas olimpíadas? segundo o que vejo dos desenhos sim...
Uma aluna sai e diz para os seus colegas boa sorte; será que o que eles precisam é sorte? pensei que era matemática.
Meu tempo acabou, passei a bola para a monitora de história; me senti numa indústria nesse momento.
Entro na sala para render a monitora de português, os alunos não entendem direito o que está acontecendo mas aproveitam para tentar colar. Rapidamente domino a situação e o silêncio volta. Já tinha substituído um professor naquela turma mas nunca tinha visto tão cheia. O teste era de matemática, mais precisamente de geometria, alguns alunos me olham, a impressão que tenho é que eles estão tentando tirar as respostas das minhas expressões. Já outros não, estào aborrecidos porque impedi que colassem. Passo o olho na prova, coitados se dependessem da minha ajuda estavam na merda. Apesar de licenciada em Biologia e Ciências não tenho vergonha em dizer que sou analfabeta numérica; desde que me reconheço como tal tento mudar isso.
Com o passar dos minutos percebo que alguns já desistiram, estão de cabeça baixa esperando a resposta cair do céu. Começo a analisá-los, as meninas são tão bonitas, os rapazes tão bem apessoados... uma tem porte de jogadora de volei, será que alguém já disse isso para ela? será que o colégio está preocupado em descobrir o que cada um tem de melhor ali dentro? No rosto de cada um a angústia de não saber a resposta; porque essa resposta é tão importante? As formas geométricas não se assemelham em nada com qualquer coisa que eu ja tenha visto por aí... acho que se o professor tivesse colocado o símbolo do Mc Donalds teria feito mais sucesso.
Mas indiferente da forma, eles estão ali tentando resolver os problemas; talvez seja a pressão de estudar num colégio caro demais, ouvir todo dia dos pais que tem tirar boas notas senão vão ser tirados do colégio, talvez, talvez. Acabo de trocar um aluno de lugar, estava tentando colar do colega, será que colar compensa? será que ele sabe que está principalmente se enganando se estiver colando?
Um aluno que estava me olhando muito foi embora, eu não tinha a resposta. O ar condicionado me congela, não faz qualquer sentido ele estar ligado, não está quente e todos os alunos estão de casaco. Será que esse consumismo desenfreado não vai acabar nunca? Os alunos começam a sair em bandos, isso é muito interessante, dápara separar cada grupinho da turma por afinidade.
Já com a sala vazia percebo que o menino que estava deixando ser colado é o que está fazendo o pré militar; seria estratégia dele deixar o outro colar para eliminá-lo mais fácil da concorrência?
De repente me pergunto se eles tem aula com o professor que ganhou medalha nas olimpíadas mundais de matemática, será que o teste está no mesmo nível dos competidores dele nas olimpíadas? segundo o que vejo dos desenhos sim...
Uma aluna sai e diz para os seus colegas boa sorte; será que o que eles precisam é sorte? pensei que era matemática.
Meu tempo acabou, passei a bola para a monitora de história; me senti numa indústria nesse momento.
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4 comentários:
Olá, Iara! Adorei esta sua idéia e espero que vá adiante! Gostei da narração e me coloquei na sala de aula como aluna e como monitora/fiscal. Você descreveu muito bem a cena. Só não apreciei o emprego de uma palavrinha...vc sabe qual!
Parabéns pela iniciativa e pelo texto!!! Sucesso em sua carreira, mocinha! Você merece vencer! Bj. Maria Alice.
Bem vinda à indústria. Fabricando milhões de conhecimentos totalmente distantes à vida.
Não desfazendo-me da academia, mas que tal se olhássemos pela janela ao invés de olhar para a prova? Talvez aprendessemos mais...
Boa iniciativa.
Beijos. Te amo.
Oi, Iara, adorei a idéia do blog. Essa história de estar finalmente do outro lado é assustadora, né não? Enquanto lia fiquei imaginando nosso segundo grau, e tantas e tantas situações parecidas que passamos durante ele. Quantas vezes eu não esperei uma resposta cair do céu numa prova do Lomelino, heim? Bizarro, enfim. Passei só para cumprimentá-la, e dizer que já estou seguindo seu blog, guria. Um beijo e vê se continua a escrever!
Gostei do Blog Iara...
É assim mesmo o cenário, eles se esforçam mais em tentar colar ou em tentar ler nossas mentes do que em se concentrar e tentar lembrar de algo que possa ajudar.
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